Pedro Calderon de la Barca foi poeta e dramaturgo. Podemos situá-lo na linha daqueles que temos como "grandes", uma vez que, assim como todos os grandes poetas, escritores, filósofos, atores, músicos, foi vítima de uma história de vida não totalmente feliz, pois, aos dez anos de idade perdeu a mãe e, aos quinze, o pai. Tal acontecimento o levou a ser criado no Colégio Imperial dos Jesuítas em Madrid, onde estudou Humanidades e foi durante este período que se familiarizou com os clássicos.
Uma vez chegada a hora de ingressar na vida acadêmica, deixa este colégio em Madrid para fazer parte da Universidade de Alcalá de Henares em Salamanca.
Foi em 1620 que P. Calderon de la Barca rompeu com a sua carreira eclesiástica, e regressando a Madrid deixa-se envolver pelas suas ambições no âmbito da criação, e, foi durante este período que começou a participar de certames poéticos. Já em 1625, com apenas 25 anos de idade, ele inicia a sua vida como dramaturgo o que rapidamente é tido como o "dramaturgo oficial da corte".
P. Calderon de la Barca foi autor de várias obras que marcaram decisivamente a história do teatro em língua castelhana. Entre as suas obras encontramos: auto sacramentais, zarzuelas -palavra jamais vista ou lida por mim e que por isso me sirvo do dicionário Houaiss da língua portuguesa para que desta forma eu possa compreendê-la - (Tipo de ópera cômica espanhola, com canções e peças instrumentais entremeadas por diálogos, geralmente baseados em melodias folclóricas e libreto satírico) entremeses, comédias religiosas, de costumes, de amor e ciúmes e, ainda, obras no campo da filosofia.
Dentre as suas inúmeras obras as que se destacam são: El dragoncillo, El laurel de Apolo, El mágico prodigioso, La dama duende, El alcalde de Zalamea, La vida es sueño e El gran teatro del mundo.
Mas a pergunta que me coloco agora é a seguinte: Por quê escrever sobre tal poeta e dramaturgo?
Para ser franca não o conhecia até uns dois ou três dias atrás, foi numa conversa mais intelectual e proveitosa que um amigo me fez conhecer o poema que dividirei com os que doam alguns minutos lendo o meu espaço criativo. É claro que aqui não deixarei um texto científico ou algo do gênero porque a minha idéia inicial foi a de agradecer o conhecimento de um poema tão chamativo e envolvente. A verdade é que as conversas mais intelectuais, ou melhor, voltadas para o mundo dos livros ou da arte sempre nos deixam bons frutos e naquele dia Andrés me deixou o seguinte poema:
Retirado de: "La Vida és sueño"
Segismundo,
És verdad; pues reprimamos
esta fiera condición,
esta furia, esta ambición
por si alguna vez soñamos.
y sí haremos, pues estamos
en mundo tan singular,
que el vivir sólo es soñar;
y la experiencia me enseña
que el hombre que vive sueña
lo que es hasta despertar.
Sueña el rey que es rey, y vive
con este engaño mandando,
disponiendo y gobernando;
y este aplauso que recibe
prestado, en el viento escribe,
y en cenizas le convierte
la muerte (¡desdicha fuerte!);
¡que hay quien intente reinar,
viendo que ha de despertar
en el sueño de la muerte!
Sueña el rico en su riqueza
que más cuidados le ofrece;
sueña el pobre que padece
su miseria y su pobreza;
sueña el que a medrar empieza,
sueña el que afana y pretende,
sueña el que agravia y ofende;
y en el mundo, en conclusión,
todos sueñan lo que son,
aunque ninguno lo entiende.
Yo sueño que estoy aquí
destas prisiones cargado,
y soñé que en otro estado
más lisonjero me vi.
¿qué es la vida? un frenesí.
¿qué es la vida? una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño;
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son.
Pedro Calderon de la Barca (Madrid,01/01/1660 a 25/05/1681)
Seguimos sonhando, desgarrados da fúria do quotidiano, seguimos sonhando, pois, somente os sonhos nos deixam seguir vivendo. A partir deles nos desvinculamos do delírio irrinitente daquilo que se apresenta a nós de uma forma tão bruta.
Nos deixem seguir sonhando, nos deixem conhecer aquilo que somos com os nossos sonhos e quando despertados nos deixem seguir acreditando!
Pois a vida é vestígio daquilo que sonhei. E como será que vive aquele que deixou de acreditar nos sonhos?
"Que el vivir sólo es soñar; y la experiencia me enseña que el hombre que vive sueña lo que es hasta despertar". Sim, vamos sonhar e o sonho sempre haverá, basta para isso estarmos e nos sentirmos vivos e livres para sonhar...
É isso vida! Tudo se pode acabar, alterar, sacrificar e domesticar, mas os sonhos, ah, os sonhos estes jamais hão de findar, pois só não sonha aquele que já não é.
"que toda la vida es sueño,y los sueños, sueños son." - Seguiremos como cavaleiros medievais, atentos a todos os detalhes desta vida fugaz, pois, os sonhos seguirão sempre sendo sonhos...E a vida, seguirá sempre, sendo a mistura audaciosa do real com o irreal!
Fantasias, máscaras, disfarces...tudo se faz para continuar o sonho em forma de vida!
Um brinde aos criadores e que não deixem de sonhar JAMAIS!!!!!!!!!!!Danielle Soares
Porto, 30 de março de 2008