terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Camélias


                                                                                                                               















                                                        Para Neiza Teixeira

Flores

Inverno molhado,
flores.
Rosas e fortes.
Vivas folhas verdejantes no cinza.
Flores dela.
Lembro do tempo que por elas passava e acenava um gesto de ciao.
Retrato da felicidade – Rosto e mãos no tempo.
Surpreendia-lhe a beleza da natureza.
Questionava o Belo.

Hoje, as mesmas flores saltam aos meus olhos e admirando-as
respiro o cheiro dela, sinto-a diante de mim, debruço-me em seu colo
e recebo os seus carinhos.

A chuva que banha as camélias,
secam-me em lágrimas de saudade.

Observo.

O vento as lança de um lado para o outro
e imersa nesta imagem me vou embalando,
ouvindo cantigas de ninar do tempo de criança.
É a sua voz que se aproxima.
É o tempo falando em mim.
Imagem que transcende.
São as camélias que no inverno bailam,
Respondendo ao gesto de ciao dela.
A esperança dorme em mim.

Danielle Soares
Porto, iniciado em 07/12/ 2010 e finalizado em 04/12/2011.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quando eu te encontrar



Prender-te-ei em meus abraços
fatigados de esperar.

Quantos serão os desabafos
e os soluços após um trago?

Segredos contados.
Vinho derramado.

Vem, aproxima-te
do canto berrante
do poeta galopante,
vagabundo dissonante.

Sou, meu amor.

Mulher da tez morena,
dos lábios vermelhos,
que esconde no peito
desassossegos.

Envolto ao teu ardor
proclamo os versos
que doam prazer à dor.

Vem ao relento e
espalhando os lençóis,
deixa cantar os rouxinóis.  

Momentos a sós. 

Mulher da tez morena,
diz qual é a graça
em fazer do poeta
este mendigo e sonhador?

Ó meu amor.

Danielle Soares
Porto, 25 de Outubro de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dia de ser só.

Em passos leves piso a dor
Contendo o choro, trago o desamor.
Com o corpo desfalecido
Canto em Dó maior
A visão que tenho de um futuro só

Só saudade, só liberdade.
A sós, só ...
Para onde olho vejo-me só!

Manaus, 20 de Maio de 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011



É noite,
Noite curta e dourada,
preenchida por uma solidificação desesperada.
É noite,
Noite curta que se prolonga na claridade que escapa dos meus olhos enraizados
Nessa espera absurda do nada.
É curta a noite mas em mim ela dura,
Dura a espera ansiosa pelo amado
Dura como um dia cinza, chuvoso e frio.
Essa noite curta, dura o tempo do pensamento,
Que não é mensurável.

Holanda, 2010.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando eu crescer quero poder conhecer a lua minguante
Para quando eu voltar a ser pequena, eu possa dormir serena...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O meu íntimo de tão íntimo engana
Meu pensamento de tão secreto esmorece
Viro do avesso e tudo permanece como
Essa neve que vejo derretendo,
Desafazendo-se em água que corre para o esgoto

Quiça o porto onde tudo isso vai parar
Quantos serão os corpos que há de banhar
E quantas serão as frases ditas, sentidas e pensadas
Em sua direção...

Quanta confusão acontece hoje em mim...

Danielle Soares
Porto, 02 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Fidelidade Feminina

Corro ao teu encontro, anulando desassossegos, frases de apego, lenços manchados do baton ulterior, cheiro do leito que acabaste de deixar, um fio de cabelo que nao me deixa enganar. Nada disso importa pois é a tua boca que tenho sede de beijar.

Danielle Soares

Porto, 10 de Janeiro de 2011