segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Presente de amiga

Dia 28/01/2008 estava "comemorando" meu niver no MSN com amigos, na verdade, só tc com ela, Telinha...uma amiga e num dado momento da conversa ela resolveu me presentear da seguinte forma:

O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi. (Cazuza)

Cantando agente inventa. Inventa um romance, uma saudade, uma mentira... Cantando a gente faz história. Foi gritando que eu aprendi a cantar:sem nenhum pudor, sem pecado. Canto pra espantar os demônios, pra juntar os amigos. Pra sentir o mundo, pra seduzir a vida. (Cazuza)

Obrigada amiga
Dani

Estrela





Estrela

Estrela errante
Estrela distante
Estrela infinita
Estrela minha
Estrela tua
Estrela nossa
Estrela fugidia

Estrela…

Estrela do rico
Estrela do pobre
Estrela do miserável
Estrela do sobrevivente
Estrela do inocente

Estrela…

Estrela amarela
Estrela branca
Estrela transparente
Estrela prateada
Estrela pendente

Estrela…

Estrela do branco
Estrela do negro
Estrela do índio
Estrela do amarelo
Estrela do mestiço
Estrela do mulato
Estrela do espaço

Estrela…

Estrela asiática
Estrela oriental
Estrela ocidental
Estrela humana

Estrela…

Estrela grande
Estrela média
Estrela pequena
Estrela pontuda

Estrela…

Estrela do norte
Estrela do sul
Estrela do leste
Estrela do oeste
Estrela do nordeste
Estrela do globo

Estrela…

Estrela solidária
Estrela solitária
Estrela ousada
Estrela antipática
Estrela amada
Estrela camuflada

Estrela…

Estrela do pecado
Estrela do peregrino
Estrela do crente
Estrela do decadente
Estrela do ateu
Estrela da fé em Deus

Estrela…

Estrela que se cala
Estrela que murmura
Estrela que surge branca
Estrela que surge amarela
Ou será ela transparente?
És estrela de todas as cores
Estrela para todos os gostos
Estrela de todos os povos
Estrela de todos os sabores

Estrela…

Estrela que passa
Estrela que chora
Estrela que grita
Estrela que é só alegria

Estrela…

Estrela que brilha
Estrela que hipnotiza
Estrela que devora
Estrela que consola
Estrela que arrepia

Estrela…

Responde estrela
Serás amarela, branca ou sem cor?

Óh estrela…
A noite acabou!

Danielle Soares
28/01/2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A inspiração que me devora

Justificativa: Sou alguém que não vive sem ouvir boas músicas e este gosto devo a Neiza Teixeira, pensando bem, não é só o gosto pelas boas músicas que devo a ela, mas também, a escolha em seguir filosofia. Não vou alargar esta questão porque surgiria um outro texto (risos).
Pensar na minha infância é recordar os fins-de-semana que juntamente com minha mãe,Helen e Naiara limpávamos os livros ao som de Bob Dylan, Joe Cocker, Janis Joplin, Led Zeppelin,Lou Reed, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Jobim, Edson Cordeiro, Djavan, Gil e muitos outros. Pra mim aquele era um momento extraordinário,minha mãe sempre com o jeito extrovertido e doido (no bom sentido) quando empolgada/envolvida no ambiente deixado pelas lindas canções, cantava gritando e dançava (quando lembro rio sozinha) - Jamais esqueci e esquecerei aqueles fins-de-semana em que com prazer tirava as poeiras dos livros e depois arrumava-os de acordo com o tamanho, ali sentia como se me aproximasse ainda mais deles. Ninguém fazia idéia e nem eu mesma de que o gosto por boas músicas e livros surgia em cada fim-de-semana que nos entregávamos àquele trabalho. É engraçado, mas ainda hoje tenho a necessidade de tirar as poeiras dos livros e arrumá-los. Esta aprendizagem é tão importante pra mim que mesmo quando estou na casa que não é a minha e se vejo os livros empoeirados ou desarrumados sinto o desejo de organizá-los...Não pensem que sou uma compulsiva porque não sou.
Os meus já são o suficiente para me ocupar e os da minha mãe é melhor nem pensar no espaço que ocupam...risos
Por ter cultivado em mim o gosto por boas músicas e pela arte em geral, que um dia me veio o seguinte texto:
A música, os instrumentos, a dança, o reprensentar, a escrita, o artista ou, simplesmente, o homem - Um conjunto que se preenche e que se guarda num tempo e espaço; um grupo ou um só indivíduo que só pode reconhecer o seu trabalho quando ouve gritos, assobios, vaias e suspiros de outros homens que se submetem a uma viagem fantástica, confortante, breve ou demorada, triste ou feliz, leve ou pesada.
Apodero-me aqui da figura do músico, uma vez que, ele satisfaz o seu espírito no momento em que uma multidão deixa transparecer a beleza e a empolgação que os seus acordes, a sua voz, os seus movimentos remetem.
Será a arte uma ilusão, uma representação, um alívio, uma saída, um grito, um irreal ou será ela a realidade disfarçada?
Eis uma questão que além de implicar uma outra arte (a da argumentação) requer nada mais que o sentir e o conhecer.
Sentir - o modo como cada admirador da arte encara a mesma, o modo como o espírito humano é tocado na medida em que está envolvido por uma linda canção, uma linda voz ou um só sopro;
Conhecer - conhecer ou ter proximidade com o objeto, com a técnica, com o espaço e com o público.
O sentir e o conhecimento do real.
O homem que possuindo o espírito, sente, e esse sentir lhe possibilita mergulhar em mundos criados no próprio real. No entanto, antes que essa viagem aconteça é necessário o ACERTO, o SUCESSO e o PRODUZIR PERFEITO, pois, nada pode ser só do espírito porque o homem é, como sabemos, trabalho,ou seja, produtor de algo.
A arte, ou demilimitando esse amplo terreno, a música é uma efervescência espiritual, é a elevação do corpo que nem necessita sair do lugar para alcançar o absoluto.
O meu ato de escrever tem por trás a intenção de alcançar o valor que cada manifestação artística causa naquele que se prontifica a direcionar o seu olhar, os seus ouvidos e os seus passos à contemplação de um mundo que antes de estar pronto e acabado foi previamente pensado e trabalhado em função da superação do próprio artista. Tal mundo não pode ter falhas pois nenhum criador admite a sua obra como algo que provém do erro ou do desvio.
A música causa prazer: a voz do cantor, as suas letras, o instrumento que nos preenche e hipnotiza para não falar daqueles que são verdadeiros atores em palco, enfim, este conjunto eleva os homens e, como uma espécie de chamamento, somos levados para uma dimensão em que o tempo e o espaço desaparecem, em que as raças anulam-se, os hábitos desabituam-se e até a própria identidade do sujeito se confunde. São essas elevações do espírito que a arte em geral nos proporciona e que fazem com que nos tornemos Um diante da Multiplicidade, ou seja, o eu é um só eu, ou simplesmente, é um ser que pelo trabalho do outro concorda em desaparecer para que assim possa reconhecer a grandeza do seu semelhante - Criador e Criatura num mesmo mundo, com o mesmo corpo e compartilhando a obra que será sempre visível e julgada: O conhecimento próprio de um bom admirador e a capacidade própria de um Criador - Jamais este terá a chama da vida sem que exista o contemplador - Aqui está a soberania e a dependência mescladas a todo instante. Não devemos esquecer: Mesmo com a força e o desejo de criar, o artista dependerá sempre de olhos não seus que possam elevar o seu próprio Ego. Nenhum dos dois anula-se, pois o Criador prolonga-se no outro ou, simplesmente, naquele que se submete a uma viagem artística.
Mundos tão próximos e tão distantes - O mundo da arte, o mundo que cria, que engana mas que não deixa, por isso, de nos mostrar o real de uma forma tão cruel e sedutora... A arte é, portanto, um mundo que não tem esperança de nada, a não ser, o de estar sempre presente naquele que a produz e naquele que é espectador.
Por isso, pergunto:
- Que nada é esse?
E assim findo a minha inspiração que pode também ser encarada como um momento de me sentir criadora...
Danielle,
Coimbra, 06/10/05
21:08hs.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Medito

Justificativa: Escrevi estas pequenas meditações quando estava em Milão - "De casa" ouvia e observava a chuva que caia lá fora. Não posso dizer que já estão acabadas mas gosto de lê-las.
Quem tiver alguma idéia pode deixar no comentário que aceito conselhos literários.
I
A frieza que acalenta,
a vida e as formas que distinguem todos
permanecem aqui,
Dentro da frieza que traz a quentura de dias felizes.
II
Um dia tudo acaba,
até as pessoas se tornam nada
Por quê se desesperar quando enxergas
somente o nada?
III
A chuva começa
Pinga...pinga e pinga...
O vento sussura
Vuuuuu...vuuuuuu...vuuu...
O dia acaba
E eu permaneço aqui
Admirando e sentindo o movimento doce
da natureza que não cessa.
Danielle,
Milano, 02 de dezembro de 2007

Homenagem aos dias

Justificativa por ter escrito este singelo texto: Lembro como se fosse hoje o dia em que abri a janela de casa e me deparei com uma paisagem completamente cinza. Morávamos ainda em Espinho e naquela altura eu trabalhava na Junta de Freguesia da cidade com vendas de quadros e esculturas. Na medida em que sentia aquela paisagem vinha em minha memória o dia de ontem onde o sol raiava e as pessoas estavam completamente mais entregues ao dia de calor. Na verdade, Espinho é sempre mais bonita quando vem o verão e sentir aquele nevoeiro em setembro de 2004 foi um choque porque estavámos já habituados aos dias claros. Mas, sem ninguém esperar eis que chega o primeiro dia de outono e foi no Café Palácio que escrevi o meu singelo texto.
Hoje o sol não apareceu, nem para o "bom dia" do verão quente.
Lembro que no dia anterior ele brilhava incessantemente
E na minha face sentia a sua força a palpitar,
Mas hoje não sentir o seu calor, tampoco, a sua dor em minhas costas.
Simplesmente porque hoje o outono surge entre nevoeiros misteriosos.
Sinto-me convidada à grande festa dos segredos temporais...
Os carros passam embaçados
As pessoas fecham-se em grossos casacos
Os cafés contentes sentem que agora são eles o refúgio humanitário
As camas não nos deixam sair,
Elas também querem voltar a sentir o calor de ontem.
Pobres humanos...A todo custo procuram acalentar a alma!
Mal sabem que ela é fria, misteriosa e fugidia.
Que dia o de hoje, o de ontem e o que ainda não foi...
Todos procuramos estar com eles, mas eles fogem, para no dia seguinte
Surgirem...
Aparecem e desaparecem e neste jogo dos mistérios envelhecemos
Modificamos as nossas faces e os nossos corpos
O espírito se enche de saudades de dias passados.
Eles são mais velhos que nós,
No entanto, renovam-se e ressurgem ainda mais belos,
Imluminados, cinzentos, leves,pesados, curtos e longos -
É a multiplicidade do Cosmos diante de nossos olhos.
Viva à dança do olhar e do sentir humano
Viva ao morrer do dia, pois, como Cristo ele também ressuscitará!
Danielle
Espinho, setembro de 2004.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A entrega ao início

A estranheza – o que se torna tão vivo na medida em que está tão distante; a saudade que chega na medida em que ainda nos sentimos tão próximos; o olhar que se confunde com o gesto do CIAO.
Dois corpos que se cruzam e sentem que se pertencem sem mesmo se terem pertencido; as mãos que se atracam com delicadeza e percebem que o dia de dizer adeus esteve sempre ali, juntamente, com as mãos que se prendem.
As conversas cheias de graça, de abafamento e bem conduzidas…risadas…a cada letra um sorriso charmoso e discreto, e, a cada olhar, um olhar para o horizonte, para o limite e para o ser que se revela ali.
O momento, o instante – A vida que tem sede do que está acontecendo aqui – é a possibilidade de estarmos lançados numa circunstância criada a partir de tudo o que está ou esteve tão longe. Mas, agora tudo está tão perto mesmo estando tão distante.
O romance que pode surgir e que juntamente com todos os sonhos ele nos conduz para uma primeira realidade: De sermos ou estarmos num só momento e num só espaço.
O quarto, a rua, a casa, o ônibus, os bancos e os dois seres que se entregam ao que nem sabem dizer o que realmente é……………………………………………………..!!!!



Danielle Soares
Coimbra, 20 de Outubro de 2005.

Sentir a escrita

Escrever é tornar-se imortal, é deixar-se levar por um momento a um mundo irreal…
É alcançar um instante anteriormente impensado; É deixar os pensamentos fluírem e abraçar as interrogações; É conseguir alcançar o inatingível e ter a consciência de que ele escapa em questões de segundos; É saber expor aquilo que nos faz vibrar a alma; É o momento em que nos anulamos para deixar entrar o desconhecido, os absurdos que se escondem em nós e os desejos de algo que está muito mais morto do que propriamente vivo.
Ser escritor é sentir na alma a vontade de sofrer ou mesmo fingir que sofre…é estar feliz e querer sentir-se infeliz…é estar acompanhado e desejar a solidão…é estar amando e pensar no quanto seria diferente se não houvesse o/um outro que nos faz suspender a própria escrita, simplesmente, porque amar é deixar-se ser modificado pelo outro.
A escrita não deixa de ser uma entrega profunda do ser que se afoga nas suas paixões fazendo nascer coisas belas, pois, é a partir dela que mexemos com o íntimo de nós mesmos e dos outros.

Escrever…
Para se escrever bem é necessário sentir, seja lá o que for – Um homem que caminha, o barulho da chuva que se ouve quando decidimos dormir, um sussurro na rua, um cão que ladra. Talvez, o segredo para se escrever bem seja a simples observação: caminhar na rua e não ver ninguém, mas ao mesmo tempo, conseguir captar aquilo que escapa de todos os outros; observar uma outra pessoa que observa e enxergar nela traços semelhantes ao do escritor e pensar com você mesmo, que esta pessoa poderia vir a se tornar grande mesmo que você nunca tenha sido grande como escritor.

Escrever…
Nos faz sentir capazes, nos faz sentir o gosto do inatingível, nos faz pensar em nós próprios e nos mostra a grandiosidade de cada momento, a escrita nos conduz sem que para isso seja necessário sair do lugar em que estamos. Devido a esse poder que nos sentimos lançados a captar algo que transcende os nossos próprios sentidos.
Nenhum escritor escreve para si mesmo, por isso, é digno de qualquer um de nós imaginar que um dia (distante? Não sei!) poderemos ser lidos por pessoas que nunca vimos e veremos…É assim que enxergamos a recompensa do trabalho que fazemos dentro de nós mesmos – Todo e qualquer escritor carrega em si o gosto do Absoluto, da imortalidade ou da infinitude.

Escrever…
Me causa um sentimento estranho, talvez, um sentimento de dor. Não consigo saber o por que, mas escrever me causa um frio na barriga.
A escrita me torna capaz de ter em mim de uma forma fácil, situações tristes, vidas distantes das minhas, todas com traços do sofrimento.
A tristeza me atrai, mas isso não significa que eu seja uma pessoa triste, afinal, é melhor ser alegre do que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe.
A escrita me faz sentir os sentimentos que nunca foram meus, visualizo rostos e lugares jamais vistos por mim – por isso que todos estamos de acordo que o ato de escrever exige antes de mais, a imaginação e a criatividade e depois é só uma questão de organização das ideias.

Como é estranha essa vontade e capacidade de escrita, só quem a sente é que poderá compreender essa mistura de sentimentos onde há a anulação do seu próprio ser em função da fantasia.
O escritor é aquele que está sempre num duelo entre aquilo que é e aquilo que não é mas que passa a ser.



Danielle Soares
Porto, 16 de Setembro de 2006