quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sonho

Essa noite eu tive um sonho, um sonho pacificador e que me causou lágrimas de saudades
Sonhei com o meu avô paterno, uma pessoa que não tive muito contato ou proximidade.
Morto está ele.
Nesse sonho estávamos eu e meu irmão Daniel
Acho que estávamos no céu
Não, estávamos num lugar claro, e tenho a sensação que estávamos apenas no início para se atingir o fim da matéria.
Nas gramas altas e finas se aproximava um senhor, que caminhava lentamente e meus olhos se enchiam de lágrimas de dor
Ele se aproximava e reconhecíamos
Era o nosso avô
Ele vinha exatamente igual a última vez que o vi, sempre bem composto.
Ele vinha sorrindo e nos olhava de passagem
E meu irmão não desviava o olhar do que acontecia ali
Era o nosso avô que parecia retornar para nos guardar
Eu chorava e ele nos olhava sorrindo
Era um sorriso eterno e de saudades
Talvez da sensação de estar vivo
Talvez do poder de estar com os vivos.
Ele passou ao nosso lado, nos olhou e seguiu sem dizer uma palavra
Ele desapareceu naquela infinita paisagem clara e de paz.
Acordei com saudades
Saudades do avô que mais não tenho que uma breve memória
Saudades do meu irmão que vem acompanhada de uma preocupação
Esse sonho me deixou extremamente perto daquilo que já se foi
Acordada pedi proteção, porque não posso mentir que esse sonho me causou medo
De um amanhã que desconheço.
Descansa em paz - O que disse quando tomei consciência de que o meu avô já não existe mais.

Coimbra, 24 de Junho de 2009
Uma homenagem ao meu avô paterno, Paulo Marques Soares.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desespero na despedida

A espera que toma conta do meu ser me faz pequena.
Olho o tempo e me questiono nele
Questões sem respostas
Espera sem chegada
Despedida sem um abraço
Ela acontece nessa solidão que invade a minha existência

Despedida do que ainda não vi
Despedida daquele que não beijei
Despedida do tempo que ainda não veio
É a despedida futura desse presente que não vivo

Cama desfeita
Quarto silencioso
Mesa vazia
Meu corpo te olha de saída
Fecho a porta
E me jogo na estrada antiga
Escura é ela, meus passos seguem lentamente
Em busca de algo que me permita a despedida verdadeira

Me despeço,
Desse quadro que reflete a leveza do estar
Dessa atmosfera que não existe para além dele
Dos traços felizes que sobressaem dessas imagens fictícias

Me despeço do irreal
Da arte que engana o meu espírito
E novamente me jogo na estrada antiga e escura
E nela me despeço dessa sensação de desprazer.

Danielle Soares
Coimbra, 17 de junho de 2009

* Inspirada pelos estudos filosóficos e pela atmosfera acadêmica de Coimbra.

sábado, 6 de junho de 2009

Essa palavra que surge agora diante de mim,
É a palavra que naturalmente vem de dentro de mim.
Essas frases que leio as absorvo como quem absorve o prazer de um dia inteiro na praia
Dia quente, mar azul e gente do mundo inteiro
Habitam hoje, neste instante no qual escrevo, em mim
Praia imensa, areia branca, fina e fugidia
Biquinis pequenos, grandes,coloridos e sem cor
Secos e molhados
Toalhas estendidas nessa areia que sinto o desejo de tocar
Mas nada posso,
Ela fez-se e se desfez
E desse lugar onde me encontro sinto o sol forte no meu corpo
Me fazendo viva nessa realidade que foge para longe de mim.
É como esse garoto que corre na praia, grita, pula, cai e se levanta
Assim ele conquista o mundo e a mim
Me faz sentir um incontrolável desejo de poder agir
Com essa naturalidade leve que ele deixa sobressair
Garoto de praia, pés descalços e pele morena
Me faz criança outra vez
E me deixa viver na tua vez

Danielle Soares
Valença, 06 de junho de 2009