sexta-feira, 19 de março de 2010

Tem dias...

Quem nunca passou um dia simplesmente por passar?
Quem nunca deixou as horas nas mãos imensas e ocupadas de Deus?
Quem nunca apostou num amanhã incerto?
Quem nunca viajou com os pensamentos para o deserto?
Quem nunca deixou de falar por um aperreio?

Nessas horas, nos quais deposito os meus anseios eu capto os meus desejos que não são mais do que uma conta que soma meus medos, subtrai meus segredos, multiplica meu ser inteiro e divide o meu sossego...

Tem dias como esse, que não se percebe o acontecer da vida, que não se sente a fome da curiosidade até agora mantida, que não se lembra dos grandes amores deixados nas estradas perdidas...
São dias como esse que suportar a lida, a vida, a briga, a mordida é demais para uma mente desprevenida.

Mas o quê seria melhor, a vida maldita ou a vida perdida?
Se a maldizemos é porque um dia conhecemos os seus prazeres. Pensando bem, perdê-la é pior do que passar por um dia como esse!!!

E por que eu escrevi tudo isso?
Vai vê eu tô num dia daqueles...

Holanda, 19/03/2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

Longe de casa, dos meus ares e da minha fonte de existência
Vivo cada dia na sua finitude,
Na finitude de que quando fecho os olhos para dormir tudo acaba
E chegam os sonhos, os sabores, os cheiros dos que me são tão caros

Da janela do meu quarto sinto a luz do dia que chega cada manhã
E incomodada pela claridade, mesmo que pouca, que toma conta do espaço
Desperto-me
É mais um dia que chega e á mais um dia que findará assim que eu fechar os olhos para dormir
Sinto como se vivesse para esse momento - o da anulação dos dias e o esperar dos sonhos.

Longe de casa e da minha estrada
Sigo ainda mais ousada, ainda mais forte, ainda mais determinada
Porque é longe de casa, dos meus ares e dos que me são fonte que aprendo a ser mais eu...
Eu sou a dor da saudade...

Holanda,03 de Março de 2010
Danielle Soares