O ser não é senão memória... Não sou somente este corpo que agora escreve,sou a mente pela qual penso,reflito,sinto,sonho e rememoro o meu minuto agora já passado. Dessa forma vou me concretizando no tempo e no espaço...
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
CAVALO POETA
Ao poeta amazonense Thiago de Mello
Gavião desesperado
sacode as asas de medo
com tantos versos feitos.
sacode as asas de medo
com tantos versos feitos.
Hortência tão curiosa
Bem lá do outro lado rio
respira expectante
o poeta que nunca viu.
Bem lá do outro lado rio
respira expectante
o poeta que nunca viu.
Cavalo Celestino
- Que poeta namorador!
Exímio galopante
desliza a grama do amor…
- Que poeta namorador!
Exímio galopante
desliza a grama do amor…
Danielle Soares,
Porto 26-07-2014
Porto 26-07-2014
Manhã e manha.
Amanhece.
Cheias de manha estão as árvores e os pássaros. Elas bailam, eles cantam e, harmoniosamente, empreendem as suas passagens.
Cheias de manha estão as árvores e os pássaros. Elas bailam, eles cantam e, harmoniosamente, empreendem as suas passagens.
Manhã e manha.
Nesta manhã clara acordo cheia de manha, sento-me na mesa da cozinha, tomo o meu café e espero a energia apoderar-se do meu corpo. Sonolenta e cheia de manha arrumo os cabelos, lavo o rosto, escovo os dentes e tomo banho prolongado de água fria: passo o sabonete pelo meu corpo, percorro o pescoço, sinto vontade de cantar para amenizar a leve dor da água fria, e nisto ela segue em direção aos pés. Aí fico, buscando o motor vital para contemplar esta manhã cheia de manha.
Pego a toalha, cubro-me, escolho uma roupa leve e cheia de cores. No escritório abro as janelas, da cadeira da minha secretaria observo o dia, quase ninguém passa pela rua, apenas os pássaros cantam. Observo um senhor que da sua janela, pensativo, com o seu cigarro já quase chegando ao fim, pensa:
– Como é belo o ar primaveril, estamos em Abril…
– Como é belo o ar primaveril, estamos em Abril…
(Ele já não está, nem sei se era o que ele pensava, apenas fumava o seu cigarro e as suas preocupações não são as minhas).
Concentro-me. Livros espalhados, folhas rasuradas, chaves de casa, pinça, tesoura para cortar as unhas, espelho, e muitas ideias. Abro as gavetas e decido arrumá-las, encontro poemas acabados, outros apenas começados, gosto do que leio, guardo-os como ouro. Ainda retornarei a eles.
Ligo o computador e o mundo passa a ser quadrado. Nesta manhã cheia de manha não quero o virtual, quero o real, não quero um clique mas um aperto de mão, não quero fotografias, quero paisagens como as que via no tempo de menina, não quero falsas felicidades quero a cidade no seu absoluto caos.
Mesmo consciente de tudo, rendo-me a ele, mesmo que eu tenha posto a melhor roupa, e sinta-me viva, quem espera por mim são as vidas que vou criando nesta tela, e o que elas querem é saber como é estar numa manhã cheia de manha, mesmo que agora a chuva tome conta do lugar onde vivo.
- Deixa de manha e bota para fora o que lhe vai nas entranhas, diz-me a manhã.
Danielle Soares
Canidelo, 09 de Abril de 2015.
Esperança
Mais do que na maldade,
acredite na pétala
caindo, vagarosamente,
na terra.
Danielle Soares
Manaus, 28 de Janeiro de 2016
Imaginação
Cheguei em terras de ninguém. Plantei árvores, vi um rio para banhar-me e beber de sua água.
Lá não encontrei rumores, clamores, difamadores, oradores, nem dores, apenas odores de uma vida que deixava.
E quando a noite chegava, convalescente, vomitava o podre que me restava.
E a lua me banhava, doida para eu admirá-la, desatenta, pensava, que era só mais uma noite que passava.
Manaus, 11 de fevereiro de 2016
Danielle Soares.
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