Desejos Vãos
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras...essas...pisa-as toda a gente...
(Florbela Espanca)
A chuva cai incessantemente, o céu está totalmente carregado...
Me sinto submersa entre o que é e o que não é, entre a fantasia e o convencional.
O tempo me move, essa negritude celestial me assombra e me coloca ainda mais íntima de mim e o tempo me molda transfigurando o meu humor.
A chuva é contínua e continua ainda mais forte, como se ela tivesse nesse momento, a árdua missão de lavar a alma da humanidade.
Ela não cessa, os seus pingos grossos deixam em nós o desejo de fuga, eles parecem chorados, tristes por caírem do céu e atingirem o seu fim – rastejar pelas ruas, becos e avenidas até que venha o sol e os mate definitivamente.
O tempo não pára, um dia, não muito distante, cantou Cazuza.
Inevitavelmente, o tempo vai seguindo o seu ritmo, o seu curso, assim como a chuva que cai continuamente. Somos escravos do tempo e buscamos nele uma alternativa segura para nos sentirmos donos, ao menos, do nosso tempo - Mas, ele (tempo) não pára, mesmo que hoje a chuva nos obrigue a estar um tempinho fechados em nós, ele (tempo) se vai e não se preocupa se ganhamos ou perdemos o tempo de pedir para que o tempo dê um tempo.
Não estou "comprando" briga com o tempo, nem com o tempo que faz hoje – um tempo cinza, carregado e recheado de invisibilidades…Porém, assim como Florbela Espanca desejou um dia:
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras...essas...pisa-as toda a gente...
(Florbela Espanca)
A chuva cai incessantemente, o céu está totalmente carregado...
Me sinto submersa entre o que é e o que não é, entre a fantasia e o convencional.
O tempo me move, essa negritude celestial me assombra e me coloca ainda mais íntima de mim e o tempo me molda transfigurando o meu humor.
A chuva é contínua e continua ainda mais forte, como se ela tivesse nesse momento, a árdua missão de lavar a alma da humanidade.
Ela não cessa, os seus pingos grossos deixam em nós o desejo de fuga, eles parecem chorados, tristes por caírem do céu e atingirem o seu fim – rastejar pelas ruas, becos e avenidas até que venha o sol e os mate definitivamente.
O tempo não pára, um dia, não muito distante, cantou Cazuza.
Inevitavelmente, o tempo vai seguindo o seu ritmo, o seu curso, assim como a chuva que cai continuamente. Somos escravos do tempo e buscamos nele uma alternativa segura para nos sentirmos donos, ao menos, do nosso tempo - Mas, ele (tempo) não pára, mesmo que hoje a chuva nos obrigue a estar um tempinho fechados em nós, ele (tempo) se vai e não se preocupa se ganhamos ou perdemos o tempo de pedir para que o tempo dê um tempo.
Não estou "comprando" briga com o tempo, nem com o tempo que faz hoje – um tempo cinza, carregado e recheado de invisibilidades…Porém, assim como Florbela Espanca desejou um dia:
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
A pedra do caminho, rude e forte!
A certeza única que teria era a de não ter certezas, no entanto, é preciso ser humana, pois, é o único meio que me permite pensar e racionalizar a condição de ser pedra, e por isso, o desejo de ser essa pedra rude e forte se anula quando a chuva cessa e os raios do sol reacendem. Florbela Espanca, sendo também humana se deu conta da condição de ser pedra e como é mísera tal condição, pois como ela afirma:
E as pedras...essas...pisa-as toda a gente...
Assim como a chuva, que por mais que nos assuste, não deixarão de ser pingos vindos de cima mas que correm o chão sujo deixado por nós – humanos mortais!
E o tempo?
Ah, o tempo – com este, ninguém é capaz…Porém, deixemos tudo em suas mãos, pois como se diz por aí, o tempo cura tudo, ou, com o tempo tudo se cura.
E o tempo?
Ah, o tempo – com este, ninguém é capaz…Porém, deixemos tudo em suas mãos, pois como se diz por aí, o tempo cura tudo, ou, com o tempo tudo se cura.
Danielle Soares
Porto, 26 de abril de 2008
Porto, 26 de abril de 2008
Ofereço este texto ou esta reflexão ao meu irmão mais velho que no dia 16 deste mês completou 30 anos – Deivy é e continuará sendo para sempre o meu ideal.